quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Minhas Cidades









As Cidades são lugares de trocas, não só trocas de mercadorias, do excedente da produção, mas também trocas de valores simbólicos.
Existem várias formas de analisar a Cidade, procuro olhar pelo viés da troca de memórias, de desejos, de recordações.
Interpretar a Cidade pelo olhar poético de quem nela vive, passeando por labirintos de interpretações, de imaginações, sensações e conhecimentos.
Longe de me colocar sobre um olhar do modernismo, fascinado com as mudanças bruscas ocorridas com a industrialização nas Cidades, me vejo como um flâneur de Baudelaire, nas memórias mais profundas, procuro imagens das Cidades em que passei momentos da minha vida, tal como o caminhante sem destino, atento a tudo que passa e perdido em meio a tantos fatos e ocorrências, um passeio enamorado pelas Cidades que de muitas formas me marcaram e me penetraram com suas paisagens, gostos e cheiros.
Esse caminhar leva a um questionamento, estarei eu criando uma Cidade só minha?
Um Lugar em que só eu vi?
E que só em mim ele se refletiu?
Um espelho de mim?
A Cidade seria esta relação ambígua, objeto de nossa percepção, fazendo parte da existência humana e nela definindo sua história e imagem.

2 comentários:

  1. Como conhecer as cidades em suas intimidades ? Eu sou de opinião que uma cidade deve ser conhecida a pé. Também sou contra a diária com café da manhã dos hotéis. Conhecer uma cidade é andar pelas suas calçadas e ver os detalhes mas também é ver como as pessoas e como elas vivem o seu dia-a-dia. As armadilhas para turistas são iguais em todo canto mas o cotidiano de cada cidade é tão peculiar e único ! A cidade afeta o viver das pessoas e vice-versa. Dá para ver a marca do caminho num jardim de um parque porque as pessoas atalham no ir e vir de/para seus lugares de casa e trabalho ou escola ou seja lá o que for. A pé dá para ver como as pessoas usam a sua cidade, como se comportam. As pessoas dão vida a cidade assim como sangue dá vida ao corpo. Elas circulam pelas ruas, vielas, sistemas de transporte público. Levam e trazem suas experiências e nesse momento afetam a nossa visão sobre como a cidade funciona. O mais legal é ver como a arquitetura bola as soluções dinãmicas para esse fluxo. As coisas mudam, bairros se tornam pólos de atração ou dispersão das pessoas, tipos de pessoas diferentes ocupam espaços diferentes na cidade e os modificam de acordo com suas vivências e influências. O bom mesmo é ver essa mutação, sinal da vida da cidade.

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  2. Elke, gostei de ver que não entendes a profissão como técnica. Tua visão sociológica e filosófica, questionadora e humanitária é o que muitos profissionais tradicionais precisam aprender.
    Parabéns pelo blog, espero muitos posts :). Mesmo não sendo "da área", vou acompanhar.

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